Dragon Age II: Protagonista Mudo vs Protagonista Falador

Colocado por Wizard Weatherwax em 12 de Abril, 2011
Dragon Age II
Uma das principais mudanças que a BioWare decidiu implementar no Dragon Age II foi o de dar uma voz ao protagonista do videojogo.

Ao contrário do primeiro jogo, onde o heróico “Warden” se limitava a abanar a cabeça e a contemplar os restantes personagens com um olhar bastante  expressivo (e, por vezes, com um ar bastante atrapalhado), Hawke, o “Champion”do Dragon Age II, é um personagem tagarela e emotivo que segue as indicações do jogador (sendo que este pode escolher, por exemplo, que o herói reaja de uma maneira pacífica, sarcástica ou então agressiva).

Apesar de Hawke obedecer aos comandos do jogador no que toca à escolha de diálogos e decisões, este herói não deixa de demonstrar uma certa liberdade no que toca à interpretação dessas escolhas.

Mas o que quer isto dizer?

Warden fala com Duncan e Cailan
Enquanto no Dragon Age: Origins o protagonista é um avatar mudo (obrigando, por exemplo, o jogador a imaginar a forma como o herói entoa as suas falas), na sequela Hawke demonstra ter uma personalidade vincada e desenvolvida, sendo que o jogador limita-se a “sugerir” a forma como este protagonista deve agir.

O resultado final pode à primeira vista parecer o mesmo, mas não o é. A experiência que o jogador vai viver ao longo do videojogo sofre de facto um grande impacto dependendo do tipo de avatar que controla (neste caso, um herói mudo ou falador). Cada um destes tipos de protagonistas tem as suas vantagens e desvantagens e proporciona ligações diferentes com o jogador.

Diálogo no Dragon Age: Origins
O protagonista mudo acaba por ter menos vida própria, parecendo mais um mero fantoche que um verdadeiro participante da história. Apesar dessa desvantagem, este tipo de avatar permite que o jogador se reveja mais no personagem, pois o herói é no fundo um pedaço de barro totalmente moldado pelo jogador (sendo que este pode imaginar o tom de voz do protagonista ou atém mesmo o tipo de entoação dada às suas falas).
Diálogo no Dragon Age II
Por sua vez, o protagonista falador é mais activo na história, possibilitando uma maior interacção com o meio envolvente. O avatar do jogador não se limita a fazer uma careta ou a cruzar os braços; o herói interagir de forma natural com os restantes personagens, tornando-se desta maneira um personagem mais participante da história.

Mas este tipo de protagonista apresenta também desvantagens, pois o jogador pode ter maiores dificuldades em rever-se com o personagem. Esta situação pode acontecer porque o herói (neste caso Hawke) já tem uma personalidade desenvolvida (representada neste caso pela voz do actor). Ou seja, o jogador limita-se a sugerir o caminho que o seu avatar deve seguir, sendo que o
protagonista falador acaba por “improvisar” de certa forma as vontades do jogador.

Enquanto no caso do
protagonista mudo o jogador pode escolher a fala do seu avatar, no caso do protagonista falador o jogador limita-se a escolher a atitude do herói.

Hawke guerreiro
Pessoalmente acho que os protagonistas faladores proporcionam uma maior imersão no videojogo, porque o avatar interage de maneira mais natural com os restantes personagens. Apesar de os jogadores poderem ressentir-se com o facto de o seu personagem não poder ser inteiramente moldado pelas suas acções e escolhas, é de facto mais gratificante para mim enquanto jogador ver o meu avatar a conversar com os seus aliados ou a ameaçar os seus adversários. Se os criadores do videojogo investirem na personalidade do protagonista falador de forma a torná-lo mais cativante e interessante (nomeadamente em termos da diversidade das suas origens e reacções às decisões tomadas), o jogador acaba por ter uma experiência interactiva mais rica: porque para além de ter que explorar o mundo virtual, o jogador acaba por também ter que conhecer o seu avatar.

Diálogo no Dragon Age: Origins (Protagonista Mudo)

Diálogo no Dragon Age II (Protagonista Falador)