O Escritor-Fantasma (2010)

O Escritor-Fantasma
Ficha do Filme

Título original: The Ghost Writer
De: Roman Polanski
Argumento: Roman Polanski, Robert Harris
Com: Ewan McGregor, Jon Bernthal, Kim Cattrall, Pierce Brosnan, Olivia Williams
Género: Policial, Suspense
Classificação: M/12
 

ALE/FRA/GB, 2009, Cores, 129 min.


Fonte: Público

Crítica 

Sinopse


O filme de Roman Polanski conta-nos a história de um escritor-fantasma (Ewan Mcgregor) que é contratado para terminar de escrever a autobiografia de um ex-primeiro ministro britânico, Adam Lang (Pierce Brosnan).
 
O protagonista é convidado a trabalhar na casa de Lang, onde conhece a mulher deste, Ruth (Olivia Williams), e os restantes membros do staff. Enquanto o escritor-fantasma trabalha no livro, começam a surgir uma série de acusações que ligam o antigo político a crimes de guerra. 

Tendo por base este escândalo mediático e a morte suspeita do seu predecessor, o personagem principal acaba por se envolver num trabalho de pesquisa minucioso de maneira a tentar perceber a verdadeira história por detrás de Lang.

Análise

“O Escritor-Fantasma” é sobretudo um filme de mistério centrado em temas como a política, crimes de guerra e espionagem. 

O filme de Polanski apresenta um enredo sólido, sendo que os personagens mais relevantes são bem caracterizados ao longo de uma história. 

Seguindo este filme a fórmula clássica dos filmes de teorias da conspiração, o que acabou por atrair mais a minha atenção foi a profissão do protagonista, o personagem interpretado por Ewan Mcgregor é um escritor-fantasma. 

Segundo a Wikipédia, um escritor-fantasma é uma “pessoa que, tendo escrito uma obra ou texto, não recebe os créditos de autoria - ficando estes com aquele que o contrata ou compra o trabalho”.

Este conceito de “escritor-fantasma” é muito bem aproveitado ao longo do filme, acabando por ser a base para uma premissa interessante. Apesar do seu talento como escritor, o protagonista não assina as suas obras. Ao longo do filme o seu nome nunca é referido, sendo que este prefere apresentar-se como sendo “O Fantasma”, o que reflecte um certo vazio no que toca à sua identidade. Este personagem acaba por ter que unir o seu talento enquanto escritor à personalidade do seu cliente, adaptar-se a cada contexto, sacrificando dessa maneira a sua individualidade.

O conceito de escritor-fantasma acaba por também ser utilizado num outro contexto, neste caso mais espiritual, através das constantes referências a Mike McAra, o escritor-fantasma que o protagonista vem substituir. Apesar de estar morto, o predecessor do personagem principal vai estar sempre presente ao longo da história, sendo referenciado por vários dos personagens tanto por causa do livro que este tinha começado quer por causa da pesquisa que este tinha começado a desenvolver acerca do passado de Lang. Apresenta-se portanto como um guia que vai conduzir as acções do protagonista ao longo do filme, através das várias pistas que este deixou.  

É também possível verificar uma série de paralelismo entre alguns dos personagens e eventos do filme com o mundo real, existindo por exemplo uma relação de semelhança entre Tony Blair e Adam Lang (ver no IMDB), o que reforça a qualidade do argumento deste filme enquanto crítica à Guerra do Iraque e às decisões tomadas pelos líderes políticos.

Apesar do filme se arriscar a ter um final previsível, achei que a história estava muito bem estruturada (desde a caracterização dos personagens à resolução do mistério em si), o que unido a um estilo de realização cuidado próprio de Polanski, ajudou a que o meu interesse se mantivesse aceso do princípio ao fim do filme.

Veredicto final

Se gostam de filmes de mistério inteligentes e com suspense, então recomendo-vos “O Escritor-Fantasma”.
Pudim Delicioso