O Prestígio
Título original: The Prestige
Autor: Christopher Priest
Editora: Saída de Emergência Lda., 2008 (publicado originalmente em Inglaterra por Simon&Schster, 1995)
Género: Thriller, Ficção Científica, Fantasia
Autor: Christopher Priest
Editora: Saída de Emergência Lda., 2008 (publicado originalmente em Inglaterra por Simon&Schster, 1995)
Género: Thriller, Ficção Científica, Fantasia
Se alguém perguntar qual a história deste livro, nada mais apropriado do que citar as palavras de um mágico:
“os mágicos protegem os seus segredos não porque os segredos sejam grandes e importantes, mas porque são pequenos e triviais. Os efeitos maravilhosos criados em palco são muitas vezes o resultado de um segredo tão absurdo que o mágico teria vergonha de admitir que era assim que era feito”.
De facto, a história d’ "O Prestígio" consiste disputa obessiva entre dois mágicos (Alfred Borden e Rupert Angier) pelo segredo de uma ilusão que ambos executam em palco. Mais do que um truque, uma ilusão ou até um segredo, trata-se de uma rivalidade levada ao extremo, num palco de intrigas fascinantes, que vai consumindo os dois oponentes até deixar a descoberto o lado mais negro da sua natureza.
A narrativa está dividida por partes, sendo que as duas principais nos apresentam, respectivamente, a visão dos acontecimentos do ponto de vista de Borden e de Angier. Deste modo, tal como num truque de magia, é dada ao leitor a oportunidade de conhcer os dois lados da mesma disputa e assim perceber o todo desta ilusão. Ou, para utilizar palvras mais adequadas para a ocasião, o leitor poderá verificar, tal como o voluntário do público que sobe ao palco, que o mágico está de mãos vazias antes de efectuar o truque.
Agora que já apresentei o meu número (inspirada pelo luxuriante ambiente de magia das salas de espectáculos do final do séc. XIX, para o qual o livro nos transporta), chegou a altura de ser parcial.
Para além do ambiente mágico e de intriga envolvente, que constitui certamente um dos atractivos deste livro, há dois elementos que pessoalmente me fascinaram e que estão relacionados com a própria divisão da narrativa. São eles: a escrita de Borden e o carisma de Angier (o que não deixa de ser curioso, já que o conflito do livro reside precisamente na oposição entre os dois… e, pela parte que me toca, os seus atractivos também!).
Comecemos pelo segundo motivo (porquê começar pelo princípio quando podemos guardá-lo para o fim?), se me pedirem para tomar partido de um dos dois mágicos em confronto as minhas simpatias vão automaticamente para Robert Angier (isto é relevante num livro? Obviamente! Já que é muito difícil ler e, principalmente, gostar de um livro com personagens com as quais não conseguimos estabelecer nenhum vínculo). Porquê Angier? Sem dúvida, que ele é de longe o mais carismático dos dois (por muito mais persuasivo e enigmático que seja Borden, há qualquer coisa que torna difícil simpatizar tanto com ele como com Angier), o que se reflecte em termos da sua magia. Arriscar-me-ia a dizer que o segredo do sucesso em palco de Angier, depende, em grande parte, da sua habilidade para criar um espectáculo à volta do truque (ou seja, do seu carisma), enquanto que o segredo de Borden reside em algo diferente…
E isto leva-nos ao primeiro ponto: a escrita de Borden. A escrita de Borden, ou o segredo que a torna tão magicamente deliciosa (sim, esse é o termo! O Alfred Borden de Christopher Priest tem provavelmente uma das escritas mais apelativas e, sem dúvida, a mais “mágica” de sempre), é o prazer do segredo pelo segredo, é como entrar numa ilusão que nos engana, nos prende e nos encanta ao mesmo tempo!
E, meus caros, se tiveram paciência de ler esta crítica até aqui (a propósito obrigada por me aturarem!), terão de certo ficado a perceber aqueles que são, na minha humilde opinião, os segredos d’ O Prestígio, que podemos (com menos charme que nas linhas anteriores) resumir em três passos (tal como os truques de magia!): enredo intrigante, personagens interessantes e escrita luxuriante!
Antes de partir para o veredicto final, gostava só de fazer referência à adaptação deste livro para o cinema, de Christopher Nolan (2006), que é uma exploração fantástica das potencialidades que esta história oferece, sendo um daqueles raros casos em que o filme consegue fazer jus (e em alguns pontos ultrapassar) o livro que lhe deu origem.
Veredicto final
Bem… as últimas palavras acerca deste livro?
Definitivamente: Abracadabra!
“os mágicos protegem os seus segredos não porque os segredos sejam grandes e importantes, mas porque são pequenos e triviais. Os efeitos maravilhosos criados em palco são muitas vezes o resultado de um segredo tão absurdo que o mágico teria vergonha de admitir que era assim que era feito”.
De facto, a história d’ "O Prestígio" consiste disputa obessiva entre dois mágicos (Alfred Borden e Rupert Angier) pelo segredo de uma ilusão que ambos executam em palco. Mais do que um truque, uma ilusão ou até um segredo, trata-se de uma rivalidade levada ao extremo, num palco de intrigas fascinantes, que vai consumindo os dois oponentes até deixar a descoberto o lado mais negro da sua natureza.
A narrativa está dividida por partes, sendo que as duas principais nos apresentam, respectivamente, a visão dos acontecimentos do ponto de vista de Borden e de Angier. Deste modo, tal como num truque de magia, é dada ao leitor a oportunidade de conhcer os dois lados da mesma disputa e assim perceber o todo desta ilusão. Ou, para utilizar palvras mais adequadas para a ocasião, o leitor poderá verificar, tal como o voluntário do público que sobe ao palco, que o mágico está de mãos vazias antes de efectuar o truque.
Agora que já apresentei o meu número (inspirada pelo luxuriante ambiente de magia das salas de espectáculos do final do séc. XIX, para o qual o livro nos transporta), chegou a altura de ser parcial.
Para além do ambiente mágico e de intriga envolvente, que constitui certamente um dos atractivos deste livro, há dois elementos que pessoalmente me fascinaram e que estão relacionados com a própria divisão da narrativa. São eles: a escrita de Borden e o carisma de Angier (o que não deixa de ser curioso, já que o conflito do livro reside precisamente na oposição entre os dois… e, pela parte que me toca, os seus atractivos também!).
Comecemos pelo segundo motivo (porquê começar pelo princípio quando podemos guardá-lo para o fim?), se me pedirem para tomar partido de um dos dois mágicos em confronto as minhas simpatias vão automaticamente para Robert Angier (isto é relevante num livro? Obviamente! Já que é muito difícil ler e, principalmente, gostar de um livro com personagens com as quais não conseguimos estabelecer nenhum vínculo). Porquê Angier? Sem dúvida, que ele é de longe o mais carismático dos dois (por muito mais persuasivo e enigmático que seja Borden, há qualquer coisa que torna difícil simpatizar tanto com ele como com Angier), o que se reflecte em termos da sua magia. Arriscar-me-ia a dizer que o segredo do sucesso em palco de Angier, depende, em grande parte, da sua habilidade para criar um espectáculo à volta do truque (ou seja, do seu carisma), enquanto que o segredo de Borden reside em algo diferente…
E isto leva-nos ao primeiro ponto: a escrita de Borden. A escrita de Borden, ou o segredo que a torna tão magicamente deliciosa (sim, esse é o termo! O Alfred Borden de Christopher Priest tem provavelmente uma das escritas mais apelativas e, sem dúvida, a mais “mágica” de sempre), é o prazer do segredo pelo segredo, é como entrar numa ilusão que nos engana, nos prende e nos encanta ao mesmo tempo!
E, meus caros, se tiveram paciência de ler esta crítica até aqui (a propósito obrigada por me aturarem!), terão de certo ficado a perceber aqueles que são, na minha humilde opinião, os segredos d’ O Prestígio, que podemos (com menos charme que nas linhas anteriores) resumir em três passos (tal como os truques de magia!): enredo intrigante, personagens interessantes e escrita luxuriante!
Antes de partir para o veredicto final, gostava só de fazer referência à adaptação deste livro para o cinema, de Christopher Nolan (2006), que é uma exploração fantástica das potencialidades que esta história oferece, sendo um daqueles raros casos em que o filme consegue fazer jus (e em alguns pontos ultrapassar) o livro que lhe deu origem.
Veredicto final
Bem… as últimas palavras acerca deste livro?
Definitivamente: Abracadabra!